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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Festa

Em uma festa de classe alta
Socialites repuxadas e anfitrião sorridente
Tudo colado alegria e roupas
Sem préstimo algum,compareci
Festival de plumas e paetês
Desfile de alta costura,maquiagem extravagante
Moças altas com pés grandes
O luxo pode estar além mar
Depois daquela lagoa tem uma vila
Vila de pescadores disseram alguns
Na vinda pra esta festa
Pouco requintada
Vi famílias simples e belas
Consistia na verdade a tal beleza
Nunca fui admirador da falta de rendimentos
Problemático sorrir quando falta o pão
Mas ali...
Naquela vila havia contentamento
Diferentemente de acomodação
Vi uma jovem que lia pra seus filhos ou irmãos
Três guris negros um livro pequeno
De relance vi que era O coelho pensante
E na festa cheias de galanteios vazios
Homens e mulheres falando da novela x e y
Noite de aprendizado
Vestido não faz a pele

Cinza

Sensibilizo-me pouco com dores alheias
Seja doença,pobreza ou males do amor
Isso me dá em dias cinzentos
Nesses dias paciência escorre
Por póros suados de menos
O ar insistente que indeciso
Fica entre frio e calor
Dias acinzentados são assim
Morbidez e acalanto
Preciso de abraço e detesto conversa fácil
Quero ouvir falar de Sergei Rachmaninov
As 10:15 da manhã
No almoço vou pedir almondegas de soja ao molho madeira
Cerveja preta e aipim
Na tarde quase chuvosa uma biografia
De Lispector,Elizabeth Bishop ou Chico Picadinho
Saltar
Preciso pular de um a outro pensamento
Entendo os alemães e suecos
No inverno desaparecem
Difícil reve-los no verão

Vago

Vivo pensando...
Roda redonda,
Vida imensa,
Papel crepom.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Seria...

Paralisado feito um bobo na sua frente
Um tolo parado a toa
Quieto ouvindo você
Seus umedecidos lábios trêmulos
Beleza igual jamais vi
Amor complexo amor
Em dor não acredito
Paixão já descartei,seria o ardor?
Este certo alguém despertou a raridade
Um sentimento sem descrição
Luz intensa raio de sol
Meus versos ficam fracos
As palavras confundem
Saberei dizer no dia exato
Entrega completa
Exaspero a chegada
Mais versos sem rimas


Eduardo Custódio e Lincoln Lerner

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Estrada,Esteio,Homem

Eis aqui um homem
Que seu caminho procura
Seu nome proclamo
Suas memórias serão minhas
Choro por alegria
Sua estrada agora sou eu
Reflexo estranho
Não posso ser o que fui
Nem encontro respostas pra hoje
Admiro os acomodados
A despreocupação deles invejável é
Discutem pouco,admiram menos,aplaudem ninguém
São felizes na ignorância
Admitem a fraqueza sem rótulo de sabedoria
Alcançarei a bendita falta
Bem aventurada desconvicção
Afligirei minh'alma a ponto da desordem ser imensa
E na instalação do caos
Fecharei os olhos e cantarei feliz

Eduardo Custódio e Lincoln Lerner

Círculo

O mundo é redondo
Entao para que caminhas?
Tu ja andou em um circulo?
Uma esfera só começa
E o início é seu fim
O recomeço é a paz encontrada
O sonho almejado
Paro pouco apenas para fortaleçar-me
Respirar o ar que é você
Eu caminho e te convido
Vens comigo?
Aceitas a partida?
Ali logo ali aquela proximidade mineira
Só ou acompanhado
No final há recomeço

Eduardo Custódio e Lincoln Lerner

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Dias Sim

Rabisco o sol no chão da calçada
Chuva tinge de cinza meu dia blue
Corto o doce e deixo na pia
Corro de medo me recolho na brisa
União estável e diabetes
A dor maldita, maldita
Pueris palavras contradizem o senso
Incenso aceso me traz a relíquia esperada
O elo entre belo e honesto
Sincero comigo mesmo
Disfarço meus vícios
Me acabo entre ruas,esquinas,copos e nicotina
Vida besta,vida fácil
Mais cerveja...
Tim tim meu ego agradece


Maurício Bettini e Lincoln Lerner

Lar

Olhou pela janela
Carros pequeninos vão de um a outro lado
Um barulho indeciso vem de lá debaixo
Rosnar do basset chama pouca atenção
Lembra-se quando ele chegou
Bonito,necessitado dela
Dentro de um tempo engordou,cresceu
E pedia sempre mais
Mais àgua,mais ração
Lhe dava um nada por resposta
Um rabo abanando no ar
Pelo alimento sabia ela
Moravam juntos apenas
Ele ali,ela lá
Dois que não formam um
Late ela rosna ele
Terminou na calçada um corpo magro
Uma mulher que deixou de ouvir o rosnar
A mulher que exige o decifrar dos sons
Ao abanar o rabo o cão recebe o síndico

Bra-sil

Terra vermelha contrastando com linhas azuis
O céu deste lugar alaranja-se
Um povo de amarelo
Se delicia no verde de suas matas
Tesouro imaterial aqui se encontra
Índios descobertos de pudores falsos
Simplicidade conquistada com louvor
Paz esquecida na chegada de forasteiros
Denominou-se uma hierarquia falsa
Palavras jogadas
Entrementes de homens sujos
Lama despurificou-nos
Denominaram a terra Brasil
Destronaram a decência
Instalou-se a fanfarra de surdos músicos

Eduardo Custódio e Lincoln Lerner

domingo, 18 de janeiro de 2009

Moça

Pediu ao porteiro pra chamar-lhe um táxi
Tom de voz surpreendente
Sem declarar qualquer emoção
Contida,entre os vizinhos passa
Suave bom dia
Pouco invasiva nada invisível
Fora assim os seis meses primeiros
Moça jovem adiantada em idade e emoção
Não lhe contava nem os 30 anos
Numa noite de chuva
Uma briga se instalou no apartamento 303
Em trinta minutos de discussão sem pausa
Um casamento ruiu
Malas jogadas escada abaixo
Impropérios pela janela
Pela manhã a jovem reaparece
Seu traje elegante
Saia secretária preta,camisa de seda vinho sapatos escuros
Leve maquiagem e semi sorriso bondoso
Antes de deixar o elevador
Olhou pros demais condominos entristecidos por ela
Lhes disse com candidez professoral:
Antes de ser de outrem sou de mim,e a mim reverencio
Aplausos ouviu-se naquele prédio então.

Histórias

Lembra-te
No final desta reta
Há um país destruído
Ponte agudo são os bigodes
Dos homens de lá
As mulherem murmuram
Mal se sabe se são pragas,delíros ou martírios
Murmuram
Tropeços de rapazes magros
Magros e sérios
Pele escura,olhos claros é a velha na janela
O horizonte vai além daquela linha transversal;diz ela
Caminha o menino
Com a velha nas costas

Livre

Meu coração ja não bate
Serve-me como prisão
Debate-se querendo liberdade
Algo intenso guardado pra ti
Querendo tu um dia ouvir
Abrace-me e esta cela se abrira
De meus lábios ouvirás não comumente
Eu te amo

Eduardo Custódio e Lincoln Lerner

sábado, 17 de janeiro de 2009

Musicando

O silêncio despertou certa dor
Certo grito,angústia cara ao ser brilhante
Preferência nas palavras simples
Tradução de um bem estar
Conquista tardia na despedida certeira
Concílio de diplomatas
Dama versus plebeu nórdico
Sangue gélido correndo nas veias negras
Vou leva-la,lavar a maçã no escuro
Trancafia-la,imagens recônditas
Referi a nós
Esqueço que existe apenas eu
Apenas eu sobrou de nós
apenas eu,um eu com total presença de vc,fiquei com a essência,o tesão,a tara,não posso mais levar-te o café na cama,nem sentí-la como minha dama,apenas escorre e flutua sobre minhas lágrimas,esta em meus sonhos,minhas alucinações,nos meus porres,na minha insônia,em tudo,de nós sobrou apenas esse Eu,um eu sem alma,onde a alma deste eu por outra foi habitada...

Lincoln Lerner Schwartzman e Zelito Lopes

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Descaminhos

Desertei deste amor
Um exercício ultrapassado me exiges
Provas de paixão,assaltos de alegria
Pão amanhecido com sabor delicado das manhãs
Pedes?
Poderia eu satisfazer teu ego faminto?
Perguntas apenas
Quero a delícia da frase exclamativa
Sentir o doce hálito de hortelã
Numa tarde de sol ou chuva
Intempéries destemperando o sentimento
Cansativos verbos utilizados
Deserção obtenho
Soldado combalido com honra ao mérito
Venci a guerra quando atravessei a porta

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Corpos

A flexibilidade de corpos ardentes
Influencia meu estado de humor
Ultrapassa a fronteira da mesmice
Corrige o flagelo do amor
Enriquece o peito estufado
Ego na palma da mão
Fulmina os pássaros com uma baforada
Licor das loucas mardugadas
Morte solução deixou de ser
Junção de mundos
Irrealidade dando mãos ao desespero

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Luzes

Entendes quando digo:Há luzes densas!
Parece um bem pela manhã
Castiga os transeuntes no meio do dia
Deixa saudades ao anoitecer
Recomeça devagar e constante
Violenta a carne
Escorrega pelas cortinas
Invade a sala de forma imperial
Luz densa cópia da glória

Amigos

Me perguntas:Onde te feri?
A resposta latente
Em teus olhos enganadores
Escuros olhos falsa sombra
Enoja-me esta sedução barata
O jogo que fazes,desregrado
Desmotivado jogo contigo
Pude um dia crer
Convém a ti
Clarificou a viela onde estava eu
Teus aplausos meu brilho ofusca
Crer em ti,um dia eu
Aceitar a ti,lamento meu
Algo além esperei
Oferecer não podes limitada és
Meus pesâmes a ti dou
És defunto sem cor
Lavo minhas mãos com lágrimas nossas.

sábado, 10 de janeiro de 2009

União

Soube dizer ao espelho
Recado dado as avessas
Orgulho no chão
Implorou alguns segundos
Engoliu as palavras ofensivas
Reconciliação previa
Antes do ocorrido
Um céu colorido e flautas
Um outro alguém cruzou o caminho
Violaram o ego de um homem
Violaram o destino do casal
Despediu o bem amado
Odiou o destino prestigiou o mal