Que a leitura te inspire.Que a vida te floresça.

Este é um caminho teu pra conhecimento nosso.Delicie-se!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Auréola


A gente se acostuma a muito pouco
A gente se acomoda com vidinha
Salário mais ou menos
Respeito mais ou menos
Tudo mais ou menos
Pendendo pro pior
Educação meia boca tudo sobra
Obra de pais omissos
Trafêgo incongruente de cultura falha
Ditados trôpegos de homens distantes
Monólogos feitos na mesa de jantar
Zumbi,mais um,gentalha
Formigueiro de estúpidos
Quero a beleza,aplaudir o paraíso
Terráqueo de uma nova era
Igualdade não descaso
Purgatório de ignorantes aumentam a fila
INSS,INPS,filhos da puta
Fidelidade ao erro latente
Pregação podre de amantes decentes
Será?
Serei
Tributo de covarde:aceitação
Antepassado transformado em rei
Equilíbrio na consciência
Brinco de índio
Esperma lava erros anteriores
Derramo líquidos sem dedicatória
Frases cortadas pra não te aborrecer
Misturo tudo coloco numa forma
Aprendiz,infeliz
Mesma vidinha,mesmo defeitos
Sai inocência abruptamente chega a culpa
O que sou tem participação deles
E parcela proposital minha
Auréola suja
Putas santas em palácio limpo


Mauricio Bettini e Lincoln Éder Lerner

Zunido


Insetos sobrevoam
Insetos param e rastejam
Borboletas são insetos
Eu as odeio
Batem no vidro da janela
Pensam que por serem educadas
As deixarei entrar
Insetos nojentos
Comem a plantação
E obrigam-me a comer agrotóxicos
Tentaram falar sobre cadeia alimentar
Entendi tudo
Só levantei e saí
Quando começaram a falar deles
Insetos
Defenderam a existência do famigerado
Tenho crises ao ver um
Certo dia no ponto de ônibus
Um destes zuniu no meu ouvido
Por três vezes
Fui atrás dele
Me atirei na frente dos carros
Corri de boca aberta como se fosse engoli-lo
Certeza não tenho se era o mesmo
Mas matei,se não ele
Um dos familiares
Houve quem me chamasse de louco
Loucura é coisa de insetos
Como podem dormir o dia todo e a noite atormentar sono de trabalhadores?
Se zunir no meu ouvido outra vez
Não penso novamente
Vou prendê-lo e afoga-lo no meu sangue
Loucura coisa de inseto.

Feitura


Criticam-me por ser meloso
Poesias ruins verborragia de um corno
Criticam e dizem que não foi por mal
Foi sem querer
Rir do pateta que sofre
Poeta um dia pode ser
Desencano rápido pois a lógica deles
Trilha irreparáveis caminhos
Tudo é passado
Querem revolução no presente
Planejam ser o futuro do futuro
Escorregam na vaidade
Se atrapalham na gentileza
Abraço minhas antiguidades
Baratas e próprias antebraço quente
Amparo pra enxaqueca instalada
Se faço poesias
Reparo nas beatitudes e queixas
Se faço poesia,espero
Incerto destino que chega
Avisto pagamentos de compras
Relógios e pulseiras de prata
Lata artigo de luxo
Na favela de minha empregada
Canta forte seus sambas
Bolero um dia ouvi
Se faço poesia ofereço
Cansada começa a dormir
Ontem fui a pé pela rua
Noite escura,àrvores feias,frio cortante
Cumprimentos esquecidos
Rápidos automóveis e infelizes fast food's
Se faço poesia,descanso
Distribuo abraços,bem quero o tolo.

Surpresa


É errado gostar?
Sempre mais e nunca menos
À vejo em cartões postais
Anúncios políticos e revistas odontológicas
Na xícara do meu café
Descafeínado aprendi
Trafico fotos com ex-cunhado
Só pra dormir bem perto
Aprendo receitas de doces insuportáveis
Caso tiver volta
Mimá-la com bobeirinhas em calda
Acaso,companheiro de anos
Faça supresa a mim
Novidade programada
Suspiro
Reprise noturna diária
Àrias de tenor roco
Peço estátua dela
Sei que sofrer é besteira
Mas sinto agulhadas
Descrevo
Fincadas frias de fina estaca
Vale a lágrima
Destampo a jarra,suco natural
Xiliques e avisos
Falta sinto
Definho olhando a chama
Canja no jantar
Sem bar e sem piano.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Matança


Um cadáver me espera
Toda manhã
Maio,Agosto ou Setembro
Dias,horas mal prevê
Orienta-se pouco pelo tempo
Cadáver me espera
Misturado a molhos e macarrão
Na fervura
Lenha,gás e carvão
Me espera
Atento a miscelânia
Lentilhas,ervilhas,lajotas e pedras
Cheiro que sobe
Abobrinha,retalho,berinjela,salção
Procuram disfarçar rouxidão no prato
Tudo piegas
Cozimento denuncia violência praticada
Recai pensamento de dor
Quanto gritou,gemeu,implorou
É igual a do pescador,marreco,moleque
Cadáver me espera pela manhã
Recuso o inanimado
Paquero maçãs.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Seja flor


Abaixo a cabeça
Para o que não mereçe atenção
Tô vendido qual bananas em feira
Mas revido
Sublinho a fúria
Rabisco futuras ambições
Perscruto a razão,tudo nublado
Traço rotas de fuga
Inimigos
Cancioneiro solitário,torturante devaneio
Perguntas e respostas confundem o trajeto
Mas sigo,no desbunde da cidade e do caos
Nunca pego a esquerda por opção
Bandeira 2 pro destino
Loto meu táxi com fumantes sem distração
Próxima prostituta na avenida passageira será
Ela finge,eu acredito,dinheiro traz prazer.
Fartas ideías de poder,acendo um baseado
Fim de noite
Disfarço tristezas vou dormir
Outro dia tédio persegue
Troco o tudo pelo nada,nada de retornar,nada que me faça respirar
Dívidas sufocam,tumor confeccionado por cigarros meus
Se ao menos não doesse
Lembranças socam duramente e gritam
"Culpado sois"
Tombado ao chão,sangro
Queda maior que nossa distância
Dói,aflito espírito pede contas
Expurgo a mim,contrastes aí
Tudo sou eu,não me separo
Sem escolhas só o impulso
Mais um cigarro
Pés soltos não tocam o chão
Sobrevivo
Eternidade começa ao aceitar consequências
Então que seja,que siga em dor
Seja a flor
Não seus espinhos


Mauricio Bettini e Lincoln Éder Lerner

Princesa


Pequena e encantadora
Misto de arrojo e bem estar
A par de seus desejos e instintos
Sufocava o praguejar
Nutre-se de boas lembranças
Solta no ar delicadas opiniões
Desenha pinha com dedos infantis
Artista de alma,senhora de si
Nota-se a beleza
Focada em fazer correto
Cuida de si e dos outros
Cuidado planejado nada que cause espanto
Ou atraso
Refreia-se em propostas ambíguas
Anarquista de nascença
Realeza natural
Fosse rainha abdicava
Governa seu destino numa metáfora
Amizade é carinho,amores plataforma


Pra amiga de todos os momentos e manhãs.que tem me feito ver a beleza da vida na simplicidade precisa,Suelen Morgado!!!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Inveja


Consigo notas agudas
Não lembro qual motivo
Comprei-o
Instrumento chato,demorado,enrolador
Caderno de música refrescou memória
Lembrei de fato
Li uma matéria em jornal de conceito
Retratando protestantes brasileiros
Consumidores da excelente música clássica
Inveja me tomou
Não apenas admiração
Fiz pirraça,comprei meu instrumento
Trompete,o escolhido, quase ninguém deseja
A maioria quer saxofone
Bobos moldados por filmes americanos
Gosto da arte pela arte
Analisei propostas de pagamento
Financiei em parcelas
Chorava a cada mês,porém resoluto estava
Escolhida igreja que iria me ensinar
Modorrento professor
Simpático,educado
Mas lento por demais
Parcela miníma não cobrada
Aluno único
"Aulas gratuitas são dessa forma"
Procurei crer
Instrumento pago,aulas deixadas
Olho pra ele com desprezo
Sempre ali na minha cadeira de balanço
Ao lado da minha cama
Anteriormente eu lia sentado nessa cadeira
Hoje um trompete ali estirado
Odeio seu modo inquisidor.

Segredos


Sexo oral é sexo?
Recepção de hospital
É ótimo pela madrugada
Vou visitar mais vezes
Língua em lábios maiores
Gemidos altos
Não via alguém enlouquecer
Fazia um tempo
Aquela loucura boa
Só os que trepam conhecem
Mas eu trepei mesmo?
Qual a diferença entre trepar e trepar?
Consegui pela inteligência
Sou grato por tê-la
Fui direto,papo reto
O avanço da idade traz essa ligeireza
Tu curte assim?Rápido?
Com desejo encarnado disse:
"Meu supervisor,pode chegar"
Aliança dourada gritante,apenas enfeite
Garanhão sul americano
Com palavras nada convincentes
Disse:"olha se quiser te dou umas idéias"
Não fui ouvido
Tudo conforme ela quis
Ideal, lugarzinho apertado
Comumente luz acesa
Tremor de pernas,pedidos de calma
Com aquele sorriso de alegria inacabável
Enfim o licor
Embriaguez de prazer
Conferimos novamente
Recepção vazia
Aceno de velhos amigos
Madrugada tem seus segredos

domingo, 20 de julho de 2008

Perseguidor



Fazem companhia
As palavras
Boas ou más aceito-as
Dizem coisas tão afáveis
E mesmo quando grosseiras
Ensinam
Ando sem inspiração pra viver
Caio em buracos de solidão
Confidencio as nuvens meu ódio
Insegurança por conselheira
Senti medo ao atravessar a rua
Sou um homem diferente
Espelho reproduz alguém bonito
Rosto forte,olhar vivo,chocante aspecto
Sentimentos se refletem aonde?
Quero vê-los,tocá-los,troca-los por vezes
Por segundos perco a certeza do meu ser
Mergulho em questionamentos
Avaliações precárias
Involuntário perseguidor de mim
Vou na vitrine mais próxima
Consigo ali mentiras de vendedora desesperada
Ego dá voltas em Júpiter
No retorno percebo que comprei em demasia
Fiz feliz jovem moça
Sentimentos piedosos longe estão
Falta-me algo
Vou rezar.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Carta


Sondo o mais profundo abismo
Sem pavor algum
Importante é descoberta
Seja do passado ou presente
Ausente é agente do mal
Quero fugir do perigo
Sozinho enxergo melhor
Minhas idéias,meus amores invejam
Morrem as flores
Minas terrestres,engenhos
Pólos aquáticos,atos,àtomos
Funil da história
Conta-me tudo desencadeia a flora
Fingimento caquético
Os fetos me afetam
Sou alvo em linha reta
Seta em curva vinda em direção
Eu feito ampulheta
Marco o tempo que se limita
Deserto de dores,canções secretas
Fico e não tardo digo palavras pardas
Sei colorir pouco
Versos vasculham o coração
Rascunhos de cartas,programas de televisão
Minutos de sabedoria,leio
Mais nada vira poesia
Prefiro biscoitos da sorte
Profanam versão do acaso
Em cada fio de cabelo perdido
Um breve adeus
Meus anos foram a te esperar
Não viestes
Necessidade de um homem
Casei-me com outra
Sou poço seu moço...imagine quanto der
Rancor de olhares
Tenho coragem só me falta otimismo
Noites e manhãs nossas apenas
Ao cair da tarde hora maltrata
Avistava outra mulher na sala
Só neste momento tu me deixava
São cartas,retratos,sempre felizes
Perfeita maquiagem
Nós a seco sorriso forçado
Manhãs frias
Tardes ingratas aqui ou em Salvador
Ache-se em Santa Catarina,Arpoador
Perdôo teu olhar de insône
Em ti há desejo de fogo
Chama de vida
Em mim... paz terna,sala vazia
Só eu e as coisas que você não quis
Ou as coisas com quem você não quis
Por fim me deixaste antes de espirito
Hoje de fato
Vou a estação de trem vez por outra
Adentro madrugadas ali
Nervoso como padre em sermão dominical
Declaro a Deus frases feitas,apêlo ao retorno
Marina
Canto ao sol,espanto a lua
Volte hoje não me deixe
Virgem santa,pobre menina
Termino essas mal traçadas linhas
Desejando-lhe sorte
Coisa rara hoje em dia
Saudade,lembrança,arrependimento e dor
Foi o que tu deixou
Levou contigo o teu melhor
Por consequência o melhor de mim também se foi
Você.



Lincoln Éder Lerner e Mauricio Bettini

Justiça



Rapidamente corrijo
Formalizar o erro é bobagem
Bagagem extra nas costas
Falta pecados
Culpa transtorno imperfeito
Correto é sofrer junto
Amargurar o outro no olhar
Cobras e cobranças soltas ao redor
É dele,por ele e pra ele essas intrigas
Ataque de nervos,surto psicótico
Ambulância,enfermeiros,remédios
Controla-se
Intressada na partilha
Estraçalha vidraças anuncia o pedido
Perdido me sinto
Júri maldito
Atriz perfeita em tribunal
Leva de mim
Filhos,finanças,apartamento
Reencarnação creio e peço
Noutra vida mulher serei
Casarei,brigarei,separarei
E levarei tudo menos os filhos
Deixo pra ele lembrança eterna
Apesar que,aguentar
Marido mal humorado,sexo rápido
Empregadas que vem e vão,supermercado
Assobios sem charme
Infidelidade de ambos
Paciência com amante próprio
E com a do cônjugue
Desisto
Não quero encarnação alguma
Vou recorrer ao juiz
Ela merece aumento.

Mais uma dose


Preciso de arma
Botar em pratica tudo que penso
A esmo ou com endereço
Dentro de mim vários eus
Outra noite sem sonho
Sono de dá estar perto
Embora construção imperfeita fosse
Desde o início
Permiti crer em mudança repentina
Homem da Terra,visitante de Varginha
Meu equilíbrio por um fio
Deparo com plantas,planaltos
Variedade em baixa
Estupidez contagiosa não ande sozinha
Contaram nossa história sem participação ativa.
Onde estavamos?
Agarrados ignorando feridas?
Fumando haxixe?
Duas pedras de gelo no uísque
Magnólia nos conte
Arte abstrata,mente distorcida
Qual era mesmo a bebida?
Defeito humano,comportamento anti-fundamental
Tantos corpos,muitas estradas,tantos porcos
E eu não controlo mágoa
Que me faz triste é a coroa,que me derrota é o assalto
Bairrista desdentado como eu
Esperando o inesperado´
Roubaram-nos tudo
Dedos,anéis e laços
Me faz homem uma migalha
E por fim mais um pouco de gim


Mauricio Bettini e Lincoln Éder Lerner

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Frustração


Coisas da vida
Criança alegria,velhice preocupação
Complicado continuar o mesmo
Assumo o risco
Análises de outrem pouco importam
Suor quero ruas retas ou tortas
Como choram,como pecam
Como riem sem teor
Terror dos fracos,paixão que chega
Suave como sorriso de bebê
Mansos passos,olhos oblíquos
Frases incorretas e manipuladoras
Nem mereço mais aceito
Sei meus hinos
Algo mais dignos que decorar o que não entendo
Odeio palpites,quebro as regras
Afinal quem são elas?
Mães,professoras,tias
Réquiem monótono
Antes tivessem amantes
Texto por texto
Palavra por palavra
Me trazem pro mundo.

Mauricio Bettini e Lincoln Éder Lerner

Símbolos


Moscas me rodeiam
Ainda respiro
Enxergo passagens
Pairagens longínquas montanhas além-mar
Cavo minha cova,me escondo
Ergo bandeiras
Torço por Deus,adoro seus anjos
Flerto com demônios
Vírgulas são dúvidas
Alcorão,Caballa,Menorá tudo em vão
Controle de um homem
Fé no humano
Me afago entre pertences
Marasmo doído
Tempo vago prazo na rotina
Aqui nem frio nem calor,caos
Ânsia do inesperado
Contrato assinado com a eternidade
Murros,tapas,pontapés,planos,farpas
Tudo isso muda o quê?
Levo vantagem me apego no terço
Nem sei rezar
Achismo do sobrenatural
Tristeza e vontade de sumir
Ciganos procuro,ebó,acarajé tudo que venha dar pé
Repetidamente mais um dia
Insubordinação e suborno
Saio pra vida
Apreço ao indubitável.


Mauricio Bettini e Lincoln Éder Lerner

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Maquiagem


Face arcada
Imaginário perfeito
Arrogância versus prepotência
Gatilho na ponta dos dedos
Verborragia de mafioso
Em riste para o mundo
Subsolo saída furtiva
Raiz quadrada do desespero
Me conta teus fetiches
Te faço de piada
Vida,túmulo,luz do fim do túnel
Costas marcadas
Depravada no tratar,famosa na expressão
Samba teu altar,aplica-se a ilusão
Aguça saliva e paladar
Fodida em meio a cacos de vidro
Constrói castelos,beija bandido.
A faz pensar,grasnar de algúem
Recorda sonetos de Belém
Fora do lugar como virgem
Irmã de puta
Feito morta levada por uma formiga
Ergue-se pra levar mais uma fodida.


Mauricio Bettini e Lincoln Éder Lerner

Medida


Estava decidido
Mais um romance acabado
Flores não mais
Horários livres
Pensamentos também
Relaxamento tomou conta
Liberdade regressa
Qual o problema ?
Solução a palavra correta
Acordei pela manhã
Fui correr
Esporte desanuvia tensões
Banho depressa e rua
Vou me estressar no trânsito
São Paulo
Deveria ja estar acostumado
Garagem,elevador,trabalho
Horas extras,dinheiro
Mais trânsito em plena 00:00
Sanduíche magro no jantar
Colesterol nas alturas
Sentenciou o médico
Mais banho e cama
Fria cama
Relógio tic-tac habitual
Liberdade abro mão
Regras da união,me enquadro.

Século 21


Disseram-me um dia
Tu é preto
Confundiram-me com a cor de um lápis
Ressoa pelas ruas da cidade
Minha negritude bela cor
Povo afro batalha a dor
Refletido na favela
Musa de carnaval em fevereiro
Esquecida em Março
Faxineira de Abril
Fuzil tem brecha no mar de preconceito
Loiros altos,olhos claros
Carros novos,sangue corre
De Brasília ouve-se o decreto
Apartheid velado
Violência corre na cidade
Troca-se balas
Pena não serem aquelas açucaradas
Orifícios abertos no asfalto
Donos do motim
Estopim marginal
Misturam a distinção de um povo
Com a cor de um lápis
Rédeas curtas pra decência
Mais balas amargas descem do morro.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Reinante


Brincando de crer no futuro
Remo contudo
Mesmo mar tão escuro
Lucidez cega o jogo
Claridade limita
Trâmites,cangalhas sociais
Buzinas,palavrões
Desafinados cantores,atores cansados
Poetas sem brilho
Volto a brincar
Apago a luz e navego
Minha escuridão é melhor
Prefiro a identidade
De doendes,fadas azuis,dragões soltos
Chega de relatividade
Criatividade é meu canto
Conto de fadas te fazem ninar
Ao homem falta isso
Sonhos possíveis,dizeres abertos
Lençóis e livros
Malha rasgada,jarra de suco
Precipício do imaginário
E no final
Ao avistar luz colorida
Azul,laranja cores infindas
Rever o início.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Duo


Nenhum pensamento em mente
Pode ser escudo
Me faço de muitos
Invento mentiras
Listas e endereços sem dono
Língua oficial só minha
Lambuzo meu resto mortal
O vazio inflama,distância me mata
Para-raios do que vem de dentro
Consigo inverdades deles todos
Controle remoto é vício
Boquete,baguete,esfirras
Trallhas em travessa de ouro
Gozo sozinho e sem compromisso
Ópera ao egoísmo
Trato-me como relíquia
Pintura recém-descoberta de Salvador Dalí
Acolá creio numa chance.
Relógio marcando saudades
Renato nome de batismo
Iris nome de minh'alma
Escrevo meus contos e digo assim:
"Amores demais me fazem ruim"
Sorrio,soluço
Vomito amores que quis
Quero sempre e não a permuta das horas
Finaliza-se a intriga.Quero meu bem.Quero Karina
Agora esperando melhora.
Cura-me a vida ou mande-a embora.
        
Lincoln Éder Lerner e Mauricio Bettini

domingo, 13 de julho de 2008

Tempo


Afirmam que o tempo
É capaz de mudanças
Tenho percebido claramente
Sonho contigo
E nem percebo se acordo
És mágica mulher
Subtrai falas insensatas
Adiciona cor ao meu pequeno mundo
Dimensão maior se tornou com tua chegada
Peguei-me em lágrimas
Quando tua ausência chegou
Corri quilometros e milhas
Faço tudo pelo nosso amor
Pareço inválido
Sem teus braços a conduzir
Tempo te engano
Voltei a sorrir



Homenagem ao meu amigo Lucas Baesso o cara mais apaixonado pela sua musa que eu já conheci.

Histórias


Curvas
Me perco nestas
Acho-me em cavidades plenas
Apalpo com cuidado
Rigidez minha penetra
Gemidos esparsos
Nirvana atingido
Lambidas dadas,mordidas amigas
Te faço minha
Escravidão coisa do passado
Servos do desejo
Presente nosso
Acaricio teu sexo,dedos aprofundam-se
Exploro caverna bem adornada
Braguilha minha não quer fechar
Compomos uma transa
Pernas trançadas
Nossa história confunde-se

Negras


Sensacional
Corpo moreno
Negra desfila de biquini cortez
Excita imaginação
Com àgua na boca
Peço telefone e endereço
Com ares de pura moça
Diz que na próxima semana
Virá no mesmo local e hora
Semana inteira de espera
Domingo na praia
De plantão estou
Negra linda vislumbro
Com seu biquini de crochê
Tira meu folêgo num topless repentino
Praia deserta findar da tarde
Rijos seus seios dão olá ao céu azul
Pasmo
Vou nadar incógnito
Bela negra de seios fartos
Um dia ainda a consigo.

Perguntas


Contrariado naquele dia
Mais um expediente terminado
Relatórios,reuniões e metas
Cerveja seria boa pedida
Maioria protestante,bêbado só não tem graça
Dirigi a esmo
Ponto de partida tenho
Chegada é o problema
Trancafiado em um apartamento
Computador por consolo
Vida on line é tão obscura
Fala-se de tudo na segunda pessoa
Revela-se alguém atras de um nick?
Opção inválida
Computador descartado
Televisão me chateia
Visitar um asilo?Visitar parentes?
Fazer bondades?
Isso deixo pro sábado
Sim sou judeu
Vou ao analista
Hoje em dia é assim
Detectou depressão,psiquiatra é melhor remédio
Digo a ele meus problemas e traumas, angústias e medos
Ouço palavras que me fazem pensar
Meu mal é pensar
"Reflexão te encaminha ao crescimento"
Troco meia dúzias de piadas sem graça
Saio do consultório satisfeito
Computador me espera.

sábado, 12 de julho de 2008

Bebo sim


Como se fora
Última palavra,última cantada
Última cartada,última certeza
Procuro uma luz ao meio
Vou encontrar um lado não radical
Contra verdades supostas
Esse é meu combate
Entreabro a porta
Assino sentença,sabe-se lá
De morte ou de vida
Morro
Quando te vejo com outro
Vivo
Ao reconhecer em ti contentamento
Durmo ao meio dia
Escrevo a meia noite
Rodopio pela sala pequena
Gim e gelo por companhia
Atravessa avenida sorridente
Tropeço
Lágrimas sólidas
Conhaque as dissolve.

Vida,Viga,Vagina


Observo atônito
Coisa mais linda,natureza genial
Genitália feminina obra prima
Não me canso de observar
Onde fora parar o cansaço do dia?
Diante dela não há
Seus sulcos tão elaborados
Deles bebo
Sacio-me em partes,pois sempre quero mais
Chego bem próximo
Bom perfume de mulher
Com ou sem seus ramos sensuais
És bela,divinal
Gueixa minha,nervosa arredia
Palavra linda desse português bendito
Compõe toda uma nação
Vagina!

Baladas



E começou assim
Voltando de um baile altas horas da noite
Já podia se dizer dia
Com ouvidos zunindo pela música alta
Nunca me dei bem com baladas
Vi do outro lado da rua uma moça
Alta,cabelos compridos,olhos pedintes
Me ofereceu um cigarro
Incomum
Depois de acender lembrei que não fumo
Palmas pra mim
Já fazem dois anos
O sabor da nicotina novamente
Não me trouxe felicidade alguma
Só fumaça e neblina
Aparentemente sem conversa
Disse me um nome:Priscila
Afirmou não ser prostituta e me beijou
Beijou demoradamente
Apoiado em um muro chapiscado
Recebi o melhor sexo oral da madrugada
Ao se levantar ela olhou bem dentro de meus olhos e disse:
Não esqueça meu nome
Prazer,Michele!

A Esquerda


E continua a abundância
Entrou no carro sem nada dizer
Em momento algum olhou pra trás
Quem dera não fosse eu
Qual homem aceitaria este final?
Fiz me sempre educado
"Bondosos homens sofrem demais"
Dizia minha vó
Contrariei conselho
Um dia certeiro
Ruiva linda mulher
Encantou com canto sutil
Findou meu prazer qualquer
Me encontro sozinho
A beira de um rio.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Imperador


O cinismo impera
De Salvador a Madri
Vi algo semelhante em Diamantina
Serpentina espalhada
Festivas pessoas
A declarar o infinito
"Guerras Louvores ao Altissimo"
Imperdador de um mundo
Louvado seja o correto
"Eu"
Vitorioso triunfal
Casos e cachos todos aqui
Sirvam-me sorrindo
Prazer para ti
Cada qual em sua masmorra
Sonha ofuscar parceiros
Aliados não têm
Nem os quer
Desejam fazer a festa maior
Quando um deles morrer
Foi-lhes dada pela Vida
A eternidade por herança
Se prendem, se escondem em castelo
Estes seres fanáticos
Fazem de tudo
Só não dormem.

Querendo


Impaciência
Nada além disso
Não consigo ouvir vozes lamentarem
Sejam políticos,vizinhos,bobagens
Crianças sorriem
Faço um gesto mecânico
Crianças nego a elas meu vociferar de ódio
Conto horas no relógio
Vou comprar um novo
Desta vez suíço
Talvez assim...
Culpo os ponteiros por tua ida
Mesquinhez de fato
Embaçados óculos
Releio,carta de despedida
Palavras tão duras
Diretas apontadas a mim
"Não soube cuidar.Perdeu-me enfim"
Claro sinto falta
Quero pedir perdão além
Considero humilhação
Chorar,jantar,comer uma mulher
E não poder tê-la bem.

Estações


Passeando de mãos dadas
Pelas ruas vazias
Tenho avistado vários casais
Será a estação?
Assim como outono,primavera e verão
Paixão tem período certo
Aquece num momento oportuno
Abandona-nos em quentes noites
Faz-nos livres de sermos fiéis
Contrato estipulado
Cláusulas a serem rompidas
Para quê mais servem?
Ode ao amor já escreveu alguém
Sublinho ode a liberdade
Selvageria do amor
Lábios,pernas,línguas
Atraso no pensamento
Anteontem sonhei com princesas nuas
Voyerismo na vizinhança
Trepei com a empregada do ap. 301
Homem sério como muitos
Sirvo pra andar de mãos dadas
Contato que nos conheçamos nus
Antes de mais nada.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Poeta


O poeta quer dizer
Seus rancores e lamentos
Expressar com lânguidez
Os pesares carregados
O poeta diz com rapidez de uma lesma
Palavras ferinas,excrementos
Lama adquirida
Ele finge personagens
Apaga tua história
Antítese de um romântico
Memória sua
Tudo transforma
Este ser tão calmo,esconde
Fúria tal de uma vida
Recompõe-se faz de tudo
Feridas lambe
Como sempre esta de partida.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Classificando


Completa-me o silêncio
Faz-me feliz
Esfuziante nem sempre,felicidade calma
Mas integral
Rabugice garanto não ser
Troquei o rock pelo clássico
Ao ouvir o grave de um cello
Estremeço
Dilacera-me o violino
Recompõe-me os metais
Sons outros preenchem meu quarto
Contraltos e tenores
Vozes médias me dominam
Seria eu barítono?
Atrevido sei que sou
Solfejo apenas baixinho
Ouço a beleza de orquestra
No silêncio reverente de uma catedral.

Espelhos


Perco-me em labirintos de meus pensamentos
Fluem constantemente
Como escravo me sinto
Alforria distante
Alma encarcerada,não há controle
Alguém esta pra chegar
Ouço passos lá fora
Será socorro?
Visita tem o poder de aconchegar ou roubar
Inquieto espero
Até aquele vulto passar
Transparências de homem
Conturbado e inteligente
Espelho inimigo
Indiferente ao seu contato
Destrato o empenho por ele descrito.



Escrito por Lincoln Éder e André Scient

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mentes e Mentiras


Gosto da mentira
Benéfica pode ser
Atribui graça ao dia
Planejo a mentira
Escureço a fronte numa prece
"Ó mentira tão minha,faz aqueles crerem em ti"
Minto pra manter o equilibrio
Absolvo mentiras alheias
Entendo os ladrões de sonhos
Fazemos parte de uma associação secreta
"Mantenedores de Viva Alma"
Quem suportaria ouvir
Toda verdade pela manhã?
Necessária é
Bato o pé afirmo e não nego
Nego com veemência a mentira enlutada
Quero vida pra mentira
Desejo vê-la amada.

domingo, 6 de julho de 2008

Concretismo


Lágrimas têm vindo aos meus olhos
Nem precisava dizer
Olhos vermelhos
Ressaca afirmam alguns
Dor de paixão palpitam outros
É de amor sóbrio que necessito
A beleza do silêncio a dois
Apenas respiração ritmando o dia
Não quero paz a dois
Quero ter concreta paz em mim
Dividir o já conquistado
Isso foi o errado
Poderia dar a você aquilo que me falta?
Fomos feitos imperfeitos
Imperfeição somada
O resultado não seria diferente
Rogos de pragas
Prataria quebrada
Vozes ao vento
Dores expostas.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Aceitação



Sol brilhante
Gigante dom de amar
Foi num instante surreal
Olhei pra um rosto tão belo
Destaque entre a multidão
Sorteado entre vários corações
Fui agraciado com teu olhar
Pousou em mim
Uma paz inebriante
Nunca esperei esse arrebatamento
Sentidos faltaram
Dei por mim de frente de ti
Um olá estabanado
Sou mesmo atrapalhado
Só não me confundo com o amor
Mais uma vez presenteado
Deu-me telefone
Depois de dois encontros
Pedido final
Ação aceita
Casal romântico
Dá-lhe semântica mal feita.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Crença



Ando sobre àguas
Personagem cristão talvez
Presságios confidenciaram
"mulher matreira,cuidado"
Nunca me aborreci
Mulher-dama ou meretriz
Paixão nunca me pega
Afirmo com désdem
Próxima onda,quero agora
Solicito fé interna
Resposta branda vem
Conflito avisto
Espelho d'agua reflete claramente
Velhice sem convite aproxima
Penso no vazio
Inunde-me o calor,excitação espontânea
Sabedoria de bêbado,leve passos de malandro
Chego na terra do Nunca
Homem imaturo
Sabe muito bem o que dizem eles
Mulher matreira perdição minha
Robustez me falta
Fiquei só
Fez-me tolo

terça-feira, 1 de julho de 2008

Fascínio





Perfume falso,cheiro bom
Assalta narinas,isso é um bem
Donde vem voz excitante?
Desestrutura homem fiel
Meias verdades convencem pouco
Dou-te coração em taça
Desperdiçar este dom
É tornar conhecida ingratidão
Horas temos,relógio rege
Minutos mágicos
Exijo o gozo prolongado
Razão traz prejuízo
Amor a inocência aplaca
Se mar fosse vidro
Nadaria sem atropelos neste cortante
Despir quero
Vontade louca
Preferência a lascívia que brilha
Em depreciação ao amor que se esconde.